De Praia Maria para Santa Maria
- Moacy A. Pina
- 24 de nov. de 2017
- 4 min de leitura
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Estou em Espargos. São 7h:07. Acabei de chegar do meu treino matinal. A porta está fechada, a televisão está desligada, mais um avião sobrevoa o estabelecimento onde me encontro hospedado. Ao fundo, oiço duas grandes vozes. Sara Tavares com o nosso Princezito. No horário supramencionado, estava eu deitado e a escrever, a partir do meu telemóvel, o que estás a ler. Fitxadu é o nome da música, vale a pena ouvir, porque as músicas da Sara Tavares purificam a alma, desintoxica a mente, dado tudo aquilo que consumimos musicalmente hoje em dia ... Oiçamo-la sempre. Valeu Princezito, pelas suas músicas e por mais esta excelente parceria.
Tudo começara no dia anterior, antes de ir para o meu quarto, tinha solicitado informação à rececionista a respeito do percurso que me indicaria para um treino matinal. Indicou-me ..., mas o Djassa, um colaborador do mesmo estabelecimento ofereceu-me a sua companhia. Ótimo, combinado, até amanhã, às 05h:30. Boa noite para si.
No horário combinado, a rececionista que estava de serviço batia à janela e anunciava numa voz suave que o moço estava à minha espera para o treino matinal. Agradeci e pedi 05 minutos. Pronto para correr... perguntou-me se tinha dormido bem, respondi que sim ..., combinamos o percurso e lá fomos nós, com aquele ar fresco a bater-nos de fronte - oh kosa sabe -.

Passos à frente, contornamos a rotunda, o hospital, passamos pelo Paços do Concelho do Sal, avançamos, contornamos várias empresas e instituições, entre elas, ... a esquadra da Polícia pela direita e instantes depois estávamos em frente ao Estádio Marcelo Leitão. Neste momento veio-me o nome do Moisés Évora, Jornalista, conhecido por todos dos relatos dos jogos de futebol. Lembrei-me também do Pú, do Blada e do Ditxa, estes últimos ex-jogadores de futebol. Ao entrar, à nossa espera estava uma música boa, para nos acompanhar, além da companhia de algumas pessoas que ali encontravam-se. Demos umas voltas na própria pista, passamos pela mãe do meu amigo Djassa, - mi é dod na bzot dois- diz ele às duas (mãe & uma outra pessoa) que caminhavam num ritmo mais lento. O importante não é a velocidade, mas sim aproveitar aquele ar fresco que se faz sentir àquela hora da manhã para preparar o corpo e a mente para o dia todo. Para uma vida melhor. Experimente um dia desses. Vais gostar. Garanto-te.

Depois disto corremos um pouco na própria relva, onde alguns jogadores já estavam a preparar para mais um dia de treino, afinal de contas a época já começou. Íamos divertidamente, sempre na companhia de uma boa música: Akon, a nossa saudosa Whitney Houston, o rei do POP ... Gil Semedo e Ceuzany, a última que ouvimos antes de sair, em direção ao ginásio ao ar livre, bem em frente ao Estádio. Como crianças, experimentamos quase todos os equipamentos. Foi ali que duas mãos, macias, de repente tapou-me os meus dois lindos olhos (kkkkkk), são de uma amiga que tinha conhecido em 2015, aquando da minha primeira estadia na ilha do Sal. Djan moiá ki bó ta li mesmo - sorrimos, cumprimentamo-nos com um forte abraço. Falamos um pouco e retomamos os nossos afazeres dantes. Até mais...

Depois, Djassa e eu fizemos o percurso no sentido inverso. Ao longo da caminhada ia me dando informações sobre a ilha que o acolheu ... Alguns minutos volvidos, despedimos, mas eu estava com vontade, as pernas queriam mais e a mente comandava os meus destinos. Não podia desperdiçar o bom tempo que se fazia sentir, tinha que aproveitar cada momento para conhecer um pouco mais esta bonita ilha. E assim fiz, sempre vigiado pela torre de controle. Ninguém perde nesta ilha. Entrei na última via, depois de contornar, pela direita a Escola de Condução Sal Stop, corri toda aquela via, cheia de gente, sorridente, uns a exercitarem, outros já na lida diária, cada um à procura do pão nosso de cada dia. Cada um à sua maneira. As minhas pernas, magrinhas (kkkk) estavam frescas para mais e mais. A via na qual corria fez-me lembrar o percurso que fazia antes e normalmente até ao aeroporto Int. Nelson Mandela. Quanto mais corria, mais estrada aparecia-me pela frente. Mas ali era diferente até porque era calçada, mas mesmo assim queria ir mais longe quanto fosse possível. Fui até mais um ginásio ao ar livre que fica depois da Rádio Comunitária dr Espargos. Ali encontrei um idoso a exercitar-se. Que belo exemplo. Cumprimentei o Sr., dei alguns flexões de braço, estiquei as pernas, despedi e fiz o percurso inverso, na outra berma, sempre vigiado pela torre de controle... Queria descobrir mais esta fantástica ilha, de gente boa, de gente que não canta à toa (Ildo Lobo / Mirri Lobo ...), de gente que sabe as boas maneiras de receber. Pura morabeza, sempre preocupada com os hóspedes, perguntando se estava tudo bem, como é que o dia foi, e que todos estão à nossa disposição para que possamos ter uma excelente estadia. Assim tem sido. Em Santa ou em Espargos, todos têm colaborado para que os objetivos da missão de serviço sejam cumpridos. E assim foi: o previsto, cumprido. Obrigado Dja D'Sal, obrigado Delegação, gestores, subdiretores Assuntos Sociais, staff, professores, RAS, armazenistas, cozinheiras, alunos, do fundo do meu coração, obrigado salenses. Voltarei com certeza...

Obrigado para ti que acabou de fazer o mesmo trajeto que fiz. Leia, leia sempre. Viajas sem pagar nada. Ganhas muito.
Parei de escrever ... logo pela manhã. Finalizei está crónica às 18h:08. O serviço me chamava. Era e é o mais importante. Grato eternamente à FICASE. Da capital do país para seguir e avaliar o impacto social, atual e factual da sua atuação. Amigos, até mais ...
By: Moacy A. Pina
Espargos, Sal - 22.11.17
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