»»» Despi–me em frente ao mar. Minutos depois as ondas gritavam de alegria. Por que será? Parti do princípio que estavam acostumadas a ver corpos como o meu, talvez sem essas "pequenas pintas" escuras e riscas brancas. E por me verem com o corpo assinalado, estranharam de forma alegre, com gritos de profundo sentido. Resolvi tirar as últimas peças que restaram e o grito foi surpreendente! Por que será? Relacionei o grito com a pequena mancha no meu ombro esquerdo, sim, talvez teriam visto outros ombros sem nenhum sinal de mancha. Várias interpretações surgiram para preencher-me a mente. Ou tal reação originou por ter ficado de frente para as ondas e ter soltado o cabelo de forma suave e deixar que me cobrisse mediante a vontade do vento. Daí optei por fazer uma meia volta, e elas simplesmente acalmaram. Mil palavras invadiram-me, umas com força, outras mais leves. Será que as ondas também sentem o calor que existe entre as curvas de um sorriso puro? Será que elas apreciam cada parte que compõem o meu mundo, ou simplesmente percebem a magia que escondia entre os meus dedos? Tomei coragem, cheguei mais perto e senti de imediato o momento em que deslizaram entre os meus dedos. Meus pés tornaram-se macios, aproximei-me ainda mais para que esse sentimento se tornasse mais forte. Quanto mais aproximava, mais sentia a energia das ondas percorrendo-me todo o corpo. O tempo parou, um brilho intenso envolvia o meu pescoço enquanto o grito das ondas penetrava os meus ouvidos! Que momento! Perdi o medo, perdi as incertezas e deixei levar-me pela beleza que é ser tocada pela natureza. O céu e o mar, o sol e o ar, a noite e o dia, a alegria e a lua, as ondas e eu nua! Cont. »»»
Por))) Eliany Correia