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  • Foto do escritorMoacy A. Pina

NA CONTRA-MÃO “o que interessa já não interessa”


Interessante este título, não é?

Parece repetitivo e não é, assim como parece confuso, mas também não é!


Moacy A. Pina

O interessante deste artigo de opinião é que te leva à reflexão, porque foi feito após uma profunda reflexão. Realmente, e visto de um outro ângulo, o mundo que nos é mostrado é totalmente diferente daquilo que é na realidade. A ordem das coisas sofre alteração propositada, para fazer jus àquilo que se quer, que se saiba e que se acredita. Ou seja, fomos feitos para servir e não para ser servido. Mesmo assim pensamos ao contrário. Se não, vejamos:

Nós nascemos para que possam dizer aos outros - este é o meu filho ou minha filha, para realizar o sonho das mulheres e dos homens, ou simplesmente, porque alguém vacilou e tivemos que vir mesmo sem consenso.

Cá fora, temos que fazer tudo que nos é pedido até atingirmos a maioridade. Pelo menos assim eu pensava, mas não é assim. Da nossa nascença até a nossa morte, obedecemos e cumprimos aquilo que nos é proposto.

Aos 18 anos nos é proposto votar e votamos, mesmo quando nenhum candidato seja merecedor do nosso voto. Isto é banal e desnecessário, quando temos as alternativas que temos. Na verdade, é aí que penso que às vezes estamos mais ligados à banalidade do que à bondade, e por incrível que pareça, não percebemos isso, ou percebemos e ignoramos. Participamos muitas vezes quando não queremos, quando não devíamos e vamos onde não fomos convidados. Não vemos o que deveríamos ver, não lemos o que merece ser lido e não dizemos o que pensamos para não colecionar inimigos. Quando assim é, não estamos a ser o cidadão.

De facto, o que interessa já não interessa. Damos mais valor a tudo o que não temos e valorizamos quando perdemos. Enfim, os mortos são tratados melhor do que os vivos. Hoje tudo que não tem valor tem preço, inclusive pessoas e os seus donos.

Parece que vivemos tudo ao contrário. Focamos mais nos problemas do que nas soluções. Gastamos mais dinheiro e tempo a planear do que a pôr as ações em prática. Não acreditamos em nós próprios como confiamos nos políticos e idolatrámos outras individualidades mundiais. Cuidamos mais da vida “alheia” do que da nossa própria vida. Queremos ter a vida dos outros e não a nossa. É inexplicável, ou melhor, é incompreensível o que nos acontece.


É possível que estejamos a caminhar na contramão e não percebemos, muito por nossa própria culpa. Senão vejamos: muitos países tiveram que lutar para tornarem-se independentes - pelo menos é o que parece ficar na memória do cidadão comum. Em contrapartida, muitos soldados-civis perderam as suas vidas ou parte significativa e importante dela. Pergunto: todos escolheram participar? Respondo: os registos partilhados mostram que não e demonstram que muitas vezes é preciso perder para depois ganhar. As circunstâncias ditam muita coisa, incluindo a consistência das nossas decisões.

Em consequência da guerra, os países ganharam a independência e as pessoas ganharam dependência – do Estado. Como parte importante que enforma o Estado, ao invés de cuidar dela, usamos e abusamos dela, esquecendo-se que estamos a usar-nos e a abusar de nós mesmos. No fundo, estamos a prejudicar-nos, pensando estar a infernizar a vida dos outros. Esse é o nosso comportamento, igual ou pior ao de uma criança inocente e irresponsável. A maioria dos eleitores comporta como criança, não vê o perigo e adora o politicamente correto.

Criança conforta-se rapidamente. Quer ouvir tudo o que quer e não tudo o que deveria ouvir. Quer ter tudo mas não consegue fazer tudo. Quer ser o melhor em tudo mas não é capaz de fazer o melhor. E aí os “santos” da política entram em cena e aproveitam de tudo e de todos, ao máximo. Quando bem maquiados, transfiguram-se e dizem-nos o que outros preparam habilmente para eles, prometem tudo o que sabem que não cumprirão, têm o que outros deveriam ter, ganham o que outros deveriam ganhar e são considerados bons quando na verdade não são.

É injusta e muitas vezes bárbara a forma como o poder é exercido. Diz-se que a escravatura humana acabou há muito, mas muitos continuam sendo escravos de bens e de pessoas detentoras de bens e de poder. Com o suposto fim da escravatura e (…), os colonizadores nos abandonaram, mas parece que não gostamos, não fosse assim o nosso apego a uma história amarga, cruel e desumana. Muita gente guardou, cultivou, alimentou e semeou influências passadas, cujos frutos são conhecidos e utilizados novamente em prol da preservação da história que não é nossa! Não, não é não. Cada um escreve a sua própria história. Ponto e basta.

Não raras vezes somos surpreendidos por decisões que influenciam e afetam direta e/ou indiretamente, negativamente as nossas vidas, agora ou no futuro, e mesmo assim, pouco ou nada fazemos para tentar criticá-las ou revogá-las.

A célebre frase: “o povo, unido, jamais será vencido”, já não produz os resultados conseguidos outrora. Hoje temos mais e melhores condições para o fazer, mas a nossa indiferença, o nosso egoísmo e individualismo não nos deixa participar, o nosso medo de perder e quiçá não ganhar nada pessoal não nos deixa ser empáticos por um instante, como outrora se verificava.


Plantamos mais e cultivamos mais, e após a revolução industrial, passamos a ter mais bens e alimentos disponíveis, quero dizer, uns e outros. Nem por isso passamos a alimentar melhor. As doenças multiplicaram-se, os vírus espalharam-se pelo mundo afora e o pânico tomou conta de todos. Para as combater, temos mais hospitais, mais centros de saúde, mais e melhores enfermeiros, médicos, especialistas, assim como dispomos de tecnologias de ponta, mas a cura desejada tarda em chegar para todos, e se calhar, nunca chegará. A população também cresceu e de que maneira desde esta altura.

Ao contrário do passado, paradoxalmente, hoje temos mais juízes, mais e melhores condições de trabalho nos tribunais, mas temos mais injustiças e falta de justiça. Temos mais polícias, mas a insegurança que reina entre nós tira-nos a paz e reforça a nossa fé em Deus. Afinal temos mais igrejas e moralistas de carreira. E isso nunca terá um fim. Nós teremos o nosso fim.

Queremos apoderar do poder, mas é o poder que apoderou-se de nós. Na maioria das vezes, não damos conta disso, não vemos isso, e não reconhecemos isso. E é justamente por isso que não conseguimos tudo aquilo que queremos e desejamos.


Somos incapazes de diagnosticar a 100% a nossa pessoa e ao mesmo tempo, capazes de não controlar os nossos pensamentos. Somos exímios a criar problemas e expert em pedir soluções aos outros. Somos excelentes na retórica e outra coisa qualquer na prática. Por isso dizemos: “Faças o que eu ti digo, e não o que eu faço”. Daí porque devemos acreditar sempre em nós, acreditar que há coisas em nós que os outros valorizam internamente, não reconhecendo-as publicamente porque enquanto somos vivos, somos úteis, únicos em alguma coisa, e somos ameaça para eles.

Não sinta ofendido pelo artigo, muito menos pelo seu autor. Sempre há exceções e opinião contrária. Obrigado pela leitura.

OLHAR 2.1, outra leitura! Moacy A. Pina - 02.08.16

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